Na avaliação do professor e cientista político da Universidade Federal de Goias (UFG) Pedro Mundim, o uso de títulos ou expressões religiosas nos nomes dos candidatos segue uma tendência de aumento da participação de lideranças religiosas ou de políticos ligados a igrejas nos processos eleitorais do Brasil.
“As instituições e seus membros, como é o caso das instituições religiosas, procuram meios de influenciar políticas públicas, leis, decisões de governo. Eles têm uma visão de mundo e querem refletir isso nas políticas. Desde os anos 2000, temos visto um aumento da participação de candidatos vinculados a grupos religiosos ou a igrejas”, explica Mundim.
Segundo o professor da UFG, especialista em comportamento eleitoral, os eleitores guiam suas decisões, muitas vezes, por sistemas de crenças. O uso de termos ou títulos religiosos pelos candidatos busca justamente oferecer um atalho para os eleitores, isto é, uma forma de processar a informação e tomada de decisão baseada na identificação religiosa.
“Em comportamento eleitoral, dizemos que, quando você tem mapeado o sistema de crenças, sejam elas de natureza política, religiosa ou moral de uma pessoa, você consegue razoavelmente prever como ela votará. Se uma pessoa tem alto nível de engajamento com uma crença religiosa, é mais fácil saber como ela votará. Então, se você tem um candidato apoiado por uma igreja ou um candidato que procura se identificar com esta ou aquela igreja ou denominação religiosa, maiores são as chances de ele mobilizar eleitores que se identificam com essa crença. O uso dos títulos religiosos nos nomes das urnas está dentro dessa lógica. Ou seja, de uma busca pelo candidato para que o eleitor o identifique rapidamente”, afirma Mundim. (G1)
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